COMER. DORMIR. VIAJAR.

Olympe, o templo de Claude e Thomas Troisgros no Rio de Janeiro – RJ – Brasil

O Olympe, de Claude e Thomas Troisgros, é a combinação perfeita entre gastronomia impecável, atendimento primoroso, ambiente super aconchegante, ótima adega e sonhos realizados.

Nós vivemos de sonhos. Cada dia que passa eu crio novas metas e novos sonhos. Com o Pessoas e Lugares eu tive o motivo ideal para realizar muitos destes sonhos: Compartilhar minhas experiências para ajudar quem está montando um roteiro de viagem.

Todos temos ídolos, acredito que todos devemos ter pessoas para nos inspirarmos. Alguns sonham em conhecer astros do cinema, outros, esportistas famosos. Meus ídolos são artistas. Entre os grandes artistas que sonho em trocar algumas palavras, grandes chefs são os que mais me inspiram. Sem nem mesmo eu perceber, a gastronomia silenciosamente assumiu um lugar no meu coração que costumava ser ocupado pelo Rock and Roll.

Nos meus sonhos mais desejados estava uma meta: Quando eu for pela primeira vez ao Rio de Janeiro terei uma refeição no templo sagrado de Claude Troisgros, o restaurante Olympe. Isto sempre foi mais do que uma meta, já era quase uma obsessão.

Ao mesmo tempo que crio metas, fico com medo… Sabe aquele frio na barriga? Acho que a coisa que tenho mais medo é sonhar e me frustar com a realização deste sonho. Tento não criar expectativas.

Adoraria chegar em meus “sonhos de consumo de viagens” com a expectativa mais baixa que a taxa de emprego na Grécia, mas na maioria das vezes é impossível, é algo automático, eu penso em uma coisa, já fantasio sobre ela e a expectativa é criada como mágica. Faz parte do eterno desejo de sonhar e aproveitar o máximo tudo que acontece até que o sonho seja realizado.

Quando a reserva para um almoço no Olympe se concretizou, a minha pergunta foi clara: O Claude estará lá? e a resposta foi ao mesmo tempo assustadora e estimulante: Sim, hoje estão quase todos aqui: Claude, Batista, o maitre Cleiton… Somente o Thomas Troisgros não se encontra.

Chamei a família e seguimos, os três, rumo ao bairro Lagoa no Rio de Janeiro para viver esta experiência.

Quando chegamos à charmosa casa de tijolos aparentes na esquina super arborizada das ruas Custódio Serrão e Frei Leandro, o coração disparou.

Ao entrar no salão a emoção foi mais ou menos parecida com a que tive ao chegar a Machu Picchu. É incrível o que um restaurante faz comigo!

O salão é super elegante, em formato de “L”, a casa tem 12 mesas, com cerca de 40 lugares no máximo. A iluminação é muito bem projetada e compõe o ambiente com cadeiras estofadas de couro preto ou revestidas de amarelo. Uma pequena sala serve de recepção, onde estão expostos alguns dos vários prêmios que os chefs e o restaurante ganharam.

De longe podíamos observar o pessoal trabalhando na cozinha.

Foi uma coisa louca, eram tipo uns 3 garçons para cada mesa, estes vários profissionais envolvidos no atendimento tornam a experiência muito agradável. Entre nossos garçons, o Almir foi o que mais batemos papo e pedimos informação, além claro do maitre Cleiton.

O cardápio chegou e ficamos deslumbrados com as opções. Como fomos no horário do almoço, este é dividido em 3 partes: Menu Executivo Do Dia: R$ 145,00 – Menu com 3 Pratos A Sua Escolha: R$ 220,00 e Menu com 4 Pratos A Sua Escolha: R$ 290,00.

Além destas opções se pode escolher entradas e pratos individuais ou então o Menu Confiance: Que é um Menu Degustação elaborado de acordo com o mercado diário, os produtos da estação e a criatividade dos Chefs Claude & Thomas Troisgros: R$ 380,00 – Preços em 03/2015, para um cardápio atualizado clique aqui

O grande diferencial do Olympe é a cozinha com uma mescla perfeita entre ingredientes brasileiros e a gastronomia francesa. Aqui, a comida é um diálogo apaixonado entre os dois países, a alma francesa em corpo brasileiro (e vice-versa).

Nem nos aprofundamos no cardápio, optamos direto pelo Menu Confiance, não queríamos simplesmente ir comer no Olympe, tínhamos que viver a experiência do lugar.

O mestre Claude Troisgros com aquela conhecida simpatia veio até a nossa mesa para perguntar se tínhamos algum tipo de restrição. Confesso que cheguei a pensar em inventar um monte de restrições, só para ver se descolava participar de um episódio do programa: Que Marravilha! Chato pra comer, mas não tem como mentir para uma pessoa com sorriso tão largo!

Pra começo da brincadeira chegou à mesa o Couvert: Pão francês, manteiga e biscoitos de polvilho levemente picantes. – R$ 16,00 (03/2015) – O couvert é reposto até os pedidos chegarem à mesa. Os biscoitos de polvilho (acho que já vi em algum lugar chamarem de “Peta”) estavam crocantes, recém saídos do forno, a picância no final é uma surpresa para o paladar. A baguete estava super macia, a manteiga derretia. O tom despretensioso das apresentações perdurou durante todo o almoço.

Para acompanhar, um espumante Brut Rose – CT Cuvee Claude Troisgros – R$ 119,00 (03/2015) Produzido em Garibaldi – RS, este espumante é frutado, cítrico e suave, perfeito para o início do almoço.

Por falar em bebidas, a carta de vinhos e espumantes da casa é maravilhosa e contempla rótulos muito bem selecionados. A adega fica próxima à cozinha.

Nossa entrada chegou e surpreendeu. Parecia muito um café! Amuse Bouche: Capuccino com espuma de cogumelos trufados. Uma combinação exótica e surpreendente, um novo sabor.

Na continuação um Terrine de Foie Gras com Pupunha e Rapadura: Como opcional uma dose de cachaça. O foie gras do Claude é de uma leveza única, agora, a doçura das lascas de rapadura, a crocância do palmito e a Cachaça Bendita Excelência criam, em conjunto, uma experiência única. Depois de já ter comido foie gras de tanto jeito diferente, é muito bom ainda me surpreender. Este foi o prato favorito da Thalia.

Depois desta cachaça, maitre Cleiton sabiamente me recomendou um Côte Roannaise – Domaine Robert SerolR$ 114,00 (03/2015) – Um vinho Francês jovem e frutado, muito agradável, de uma cor rubi linda e que acompanha quase tudo. É produzido na região de Roanne, com a uva Gamay, em alguns hectares do vinhedo da Família Troisgros. Adorei!

Na sequência, chegou à nossa mesa outra obra de arte, Lagostins Crocantes, Batata Doce, Alcaparras e Mini Folhas Orgânicas: O lagostim é salgado na medida e a batata doce da cobertura é super crocante. O fundo é coberto com uma batata doce confit, esta é a parte agridoce do prato. Tudo isto é somado a deliciosas alcaparras gigantes. Um prato muito delicado e cheio de sabor.

Logo após chegou o Ravioli Gigante Recheado com Mousseline de Batata Baroa: O recheio de batata baroa (nossa famosa mandioquinha), azeite de oliva,  manteiga noisette, vinagre balsâmico, os pinolis, a textura leve, o sabor beirando ao doce, Uau! Uma pérola do Olympe. A Fabi disse que poderia comer isto todos os dias!


E o meu prato favorito de todos os tempos até hoje! Salmonete Crisp com Pirão de Tucupi e Dedo de Moça, Broto de Coentro: Triglia com as próprias escamas fritas, super crocantes, pirão de tucupi e caviar frito. Uma viagem pelo norte brasileiro com direito a escala no Pará.

O que eu mais vi enquanto comia este prato era a cena abaixo, de tanto olhar para o céu e agradecer!

Ainda veio um Leitão Crocante, Farofa Panko-Cacao e Maça Fuji Assada: Mais ou menos assim: O leitão é marinado por 24 horas, em sua própria gordura, assado por 12 horas à temperatura de 100 graus, desossado, prensado, cortado e pururucado, depois é preparado com farofa de panko com cacau e uma maçã assada por 3 horas ao molho de uva reduzido. Quer mais?

A maçã, mesmo com todo tempo de cozimento é firme e consistente e o molho de uva armoniza perfeitamente. O Leitão estava muito macio, desmanchando mesmo.

Agora as perdições da casa, as sobremesas. Crepe Passion: Uma sobremesa clássica do restaurante, que está no cardápio desde 1982. É uma panqueca soufflé caramelizada, de massa leve, com um recheio cremoso e farto e uma ácida calda de maracujá. O perfume é inesquecível.

A luxuosa, em todos os sentidos, Torta Mousse de Chocolate Amargo, Sorvete de Baunilha, Manjericão e Folha de Ouro: O que dizer de uma sobremesa que vem com uma folha de ouro? De verdade, é ouro mesmo! Desculpa, mas esta descrição deixarei para quem for lá e experimentar, já que pra mim é indescritível!

E ainda teve o Pom Pom Pom: Fatias de maça desidratada, intercaladas com um puro sorbet de maçã verde. Muito leve e super gelado, a refrescância ganhou um novo significado com esta sobremesa.

Para finalizar, como se tudo isto ainda não tivesse sido suficiente, ao pedir o cafezinho veio uma Tábua de Petit-Fours: Sucrilhos com chocolate, macarron de cupuaçu, palha italiana com flor de sal e financier com amêndoas.

O Olympe faz bonito e não decepciona nem quem chega cheio de expectativas. É um lugar que honra o nome (uma referência ao Monte Olimpo – a morada dos deuses) nos entregando a genialidade da família Troisgros, uma das maiores grifes da gastronomia mundial.

Ter um almoço ou jantar aqui é ser, durante algumas horas, tratado exatamente como Mike Jagger, Elton Jonh, o ex-presidente americano Bill Clinton ou então Jacques Chirrac, todos clientes que já frequentaram este ambiente.

Claro que este post teria que terminar exatamente como começou: Com muita tietagem!!!

Até foto do banheiro eu tirei!

Ps.: Não posso finalizar este texto sem ilustrar as virtudes das pessoas que fazem parte desta equipe fantástica. A muito eu tinha lido uma matéria na revista Piauí, lindamente escrita por Lais Coelho e recomendo à todos: Revista Piaui Edição 71

Olympe
Rua Custódio Serrão, 62
Bairro Lagoa
Rio de Janeiro/RJ
(21) 2539 4542
olympe.com.br

Mais uma inesquecível experiência em nosso álbum: Mãos Pelo Mundo.

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