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Ilha de Páscoa, A Chegada Do Rei Hotu Matu’a – Tour – Chile

O principal tour oferecido na Ilha de Páscoa chama-se a “A Chegada Do Rei Hotu Matu’a”, esta é uma excursão fascinante que abrange desde a milenar fábrica de moais até a praia onde nasceu a cultura Rapa Nui.

Ao nos hospedarmos no Hangaroa Eco Village & Spa tínhamos duas opções de pacotes para escolher, o Bed & Breakfast que dá direito ao transfer in/out e para o Aeroporto Mataveri, café da manhã no restaurante Poerava e coquetel diário no final da tarde e o Programa Premium, que adiciona nas diárias almoço no restaurante Poerava e Jantar no Kaloa com bebidas (inclusive alcoólicas) em ambas refeições e ainda um tour de dia inteiro, ou duas excursões de meio dia ou ainda um tratamento no Spa Manavai.

Optamos por conhecer a Ilha de Páscoa no tour de dia inteiro chamado “A Llegada de Hotu Matu’a” – A Chegada Do Rei Hotu Matu’a, com a companhia de turismo local Mahintur que fica na recepção do Hangaroa. O passeio começou pela manhã com um guia bilíngue de origem Rapa Nui, que nasceu e mora na ilha e isto fez toda a diferença.

As experiências de tours do hotel hangaroa são realizadas em grupos de no máximo 12 pessoas (exclusivamente hóspedes) neste tour estávamos entre dois casais o que tornou-se em um passeio praticamente privativo.

O nome do reoteiro remete a origem da Ilha de Páscoa, onde na mitologia polinésica o rei de uma ilha chamada de Hiva, após um sonho de seu guia espiritual onde o próprio deus Make-Make alerta para um grande tsunami, envia sete exploradores para encontrarem Mata Ki Te Rangi (primeiro nome da Ilha de Páscoa). Os exploradores regressam e o Ariki Hotu Matu’a, parte com sua família para ilha e estabelece a primeira cidade dando origem à cultura Rapa Nui. Pouco antes de morrer o rei divide a ilha entregando a cada um de seus filhos uma determinada parte, desta forma são criadas as várias tribos.

Uma animação do canal UChile Indígena conta esta lenda:

Chove o ano todo na Ilha de Páscoa, de janeiro a março o tempo é mais estável, mas devido ao Tapati Rapa Nui Festival que acontece entre o final de janeiro e a metade de fevereiro as acomodações são mais escassas e os preços são mais elevados, os meses de julho e agosto são os mais frios. Em nossa visita ventou e choveu todos os dias, mas as chuvas são passageiras, foi comum pegarmos uma tórrida tempestade e em alguns minutos o sol estar brilhando lindamente, esta situação climática não causou o cancelamento de nenhum passeio.

Nosso primeiro destino foi o vulcão inativo Rano Raraku, também conhecido como a “Fábrica de Moai”. Foi destas paredes que esculpiram-se praticamente todas as estátuas da ilha.

Aqui encontramos expostos cerca de 400 exemplares de moais originados de várias épocas da história da ilha de Páscoa, muitos abandonados durante as disputas entre tribos aborígenes rivais e outros que caíam e quebravam durante o transporte.

A caminhada pelo jardim de esculturas é leve, facilitada pelos vários degraus nas estradas bem conservadas. O lugar é impressionante e mágico, é incrível andar em meio às imagens mais icônicas da Ilha de Páscoa com vários tamanhos, estilos e em diferentes estágios de desenvolvimento.

É em Rano Raraku que encontramos a origem da maioria das fotos sobre a Ilha de Páscoa. Apesar de vermos várias cabeças todos estes moai tem corpo inteiro, o restante está enterrado devido a erosão do terreno do vulcão ao longo dos tempos.

A imensa pedreira foi a eleita para a produção dos moai por ser mais fácil de trabalhar já que as rochas são de cinzas vulcânicas endurecidas. Em outros pontos da Ilha de Páscoa existem pedreiras de basalto, mais duras, que eram utilizadas para a confecção das ferramentas.

No alto da trilha chegamos ao ponto onde uma das estátuas foi abandonada durante a criação, como não foi extraída da rocha ajudou muito para que os arqueólogos conseguissem chegar a várias conclusões dos métodos de construção.

Os moiai seriam esculpidos sempre virados para cima, o nariz servia como guia para a proporção do rosto, tronco e dos braços, depois de retiradas da montanha eles levantavam as esculturas para fazer o polimento, os acabamentos e preparavam para o transporte que chegava a todos os cantos da ilha. O que até hoje não ficou muito claro é como os Rapa Nui conseguiam carregar por até 20 km estes gigantes que chegavam a mais de 80 toneladas. O que sabemos é que não era fácil, muitos moai caiam e quebravam a poucos metros de Rano Raraku.

Seguindo até o final da trilha encontramos a estátua mais misteriosa de toda Ilha de Páscoa, chamada de Tukuturi, a única com forma mais humanizada, representando uma pessoa ajoelhada com corpo arrendondado olhando para o alto. A idade desta obra ainda é indefinida e as teorias da representação vão desde alguns que afirmam ser um sacerdote, um mestre escultor, e até os que acreditam ser uma espécie de protetor dos trabalhadores.

Este é um ótimo mirante para o Ahu Tongariki, nossa próxima parada no tour.

Se você estiver visitando Rano Raraku sem um guia procure reservar pelo menos três horas para o passeio completo. Comece conhecendo a fábrica de moais e depois visite a cratera do vulcão que tem cerca de 500 metros de diâmetro onde se formou uma profunda lagoa.

Depois de desbravar esta montanha mágica partimos para o Ahu Tongariki, o lugar mais visitado de toda a Ilha de Páscoa.

O cartão postal é uma admirável sequência com quinze moais de costas para a praia Hotu’iti e que tem uma incrível história recente para contar. No mês de maio do ano de 1960 a costa chilena sofreu o maior terremoto registrado até hoje (01/2017) na escala Richter, com intensidade de 9.5 pontos. Isto causou um grande tsunami no Oceano Pacífico com ondas de mais de 11 metros de altura que atingiram em cheio a Ilha de Páscoa e espalharam os moais de Ahu Tongariki, alguns de até 80 toneladas, por cerca de 100 metros, danificando-os gravemente.

Este lugar ficou praticamente abandonado até que em 1988 em um programa de televisão japonês o governador da Ilha contou a história e sensibilizou a fabricante de veículos para trabalhos pesados Tadano que se prontificou a ceder um guindaste e todo apoio técnico para viabilizar o projeto de restauração dos moais. O trabalho iniciou em 1992 e terminou em 1996 a um custo de US$ 2 milhões, integralmente pago pelo governo japonês.

O Ahu Tongariki foi declarado o maior monumento de todo o Pacífico Sul, Ahu é o nome do altar cerimonial onde os moais encontram-se, este tem 220 metros de largura. Como em todos os Ahu, os moais ficam de costas para o mar, no Tongariki todos ficam olhando para o vulcão Rana Raraku, como que observando os trabalhares em sua fábrica.

Segundo os arqueólogos estas estátuas representam pessoas reais, tanto que cada escultura tem características próprias como diferentes rostos e forma, provavelmente foram reis e governantes importantes dos Rapa Nui.

O Ahu Tongariki tem entrada gratuita e pode ser visitado a qualquer momento do dia, entretanto, aqui fica o mais lindo nascer do sol na Ilha de Páscoa, este é um espetáculo imperdível.

Alugamos um carro com a Mahintur no Hotel Hangaroa, levantamos às 4:30 para chegarmos cedo e nos juntarmos aos turistas na grande praça em frente aos moais e assistir a este show inspirador e inesquecível.

Nossa primeira manhã na Ilha de Páscoa estava acabando, mas antes de seguirmos para o almoço no Poerava fomos conhecer o Ahu Akahanga, a “Plataforma del rey”, um lugar que não foi restaurado desde as guerras tribais há mais de mil anos. Aqui vemos exatamente o que o explorador James Cook encontrou em 1744.

Acredita-se que foi neste local que o rei Hotu Matu’a foi enterrado. Os moais daqui estão caídos e quebrados, além disto existe uma caverna que era utilizada como abrigo pelos Rapa Nui e resquícios de jardins e plantações.

Na segunda parte de nosso tour visitamos o Ahu Te Pito Kura, aqui encontramos o maior moai transportado desde o vulcão Rano Raraku. Com o nome de Paro a escultura mede cerca de 10 metros de altura e pesa em torno de 90 toneladas. Junto podemos observar o pukao (adorno avermelhado que fica sobre a cabeça de grande parte dos moais e acredita-se representar o coque usado pelos guerreiros) com quase 2 metros e pesando cerca de 10 toneladas. Acredita-se que Paro está caído na mesma posição em que foi derrubado nos confrontos tribais dos séculos passados.

A Ilha de páscoa já foi chamada de Rapa Nui – “Ilha Grande”, Mata Ki Te Rangi – “Olhos Fixos No Céu” e Te Pito O Te Henúa “Umbigo Do Mundo”, o mais incrível é que a tradição local realmente acredita que aqui encontra-se o umbigo do planeta Terra, o local onde surgimos e nos “desprendemos” do universo, simbolizado por uma pedra redonda rodeada por mais 4 pedras menores que segundo os moradores tem poderes místicos concedidos pelos deuses. Acredita-se que os artefatos vieram de Hiva junto com Ariki Hotu Matu’a.

Seguimos na costa norte para visitar a Playa de Anakena, onde segundo a lenda foi o lugar escolhido para o desembarque do rei e sua família, origem da primeira cidade e da cultura Rapa Nui. Devido ao valor histórico este é um dos locais mais venerados na Ilha de Páscoa.

Sabendo-se que a Polinésia é um dos destinos de praia mais famosos do mundo imaginávamos que aqui encontraríamos ótimos lugares para banho, entretanto Anakena é a única praia “de verdade” da Ilha de Páscoa, com areia branca, água azul cristalina e maré calma. O solo formado por rochas vulcânicas e as fortes ondas do Oceano Pacífico fazem com que praticamente toda a área costeira da ilha seja imprópria para banho.

Anakena entrega um cenário paradisíaco, relaxante e tradicional, com muitos coqueiros (que foram transportados do Taiti na década de 60), estacionamento, banheiros, quiosques com comidas, bebidas e artesanato e até aluguel de equipamentos para mergulho. Este é o único lugar fora da vila de Hanga Roa (o centro urbano da Ilha de Páscoa) que tem uma boa estrutura de serviços e alimentação.

A Playa de Anakena é a única do mundo onde existem 2 sítios de moai e oito estátuas de pé, transformando-a em uma das mais exóticas da Polinésia.

Por terem passado séculos soterrados, protegidos dos fortes ventos e do tempo instável que provocam a inevitável erosão das esculturas, os 7 moais sobre o Ahu Nau Nau estão bem conservados, especialmente os maiores, os poucos da ilha cujos encaixes do pukao encontram-se praticamente intactos e os únicos que exibem petróglifos nas costas.

Sobre o Ahu Ature Huki existe um moai solitário, também restaurado em 1978 pelo arqueólogo Sergio Rapu, e ao fundo a bela praia de águas geladas. Várias outras esculturas estão caídas pela região e com certeza muitas outras ainda encontram-se soterradas.

Próximo a Anakena está a pequena praia de Ovahe, que possui um acesso mais difícil devido as rochas e a estrada de terra. Esta praia não faz parte do tour, visitamos com o carro alugado, no mesmo dia que fomos assistir o nascer do sol em Ahu Tongariki.

Ovahe é cercada por falésias avermelhadas e muitas rochas, fazendo com que só tenha sol pela manhã, melhor horário para se observar a areia rosada e praticar snorkel nas águas claras. No dia em que visitamos já estava tarde e tinha muitas nuvens tapando o sol, mesmo assim a praia estava linda.

Este roteiro de um dia completo na Ilha de Páscoa é impressionante e revelador, a melhor forma de conhecer os principais cartões postais Rapa Nui. Pegue suas garrafinhas de água, coloque um calçado próprio para caminhada, não esqueça de seu ingresso para o Parque Nacional Rapa Nui, a capa de chuva ou jaqueta impermeável (corta vento) para as mudanças rápidas do clima e aproveite o dia para sentir toda a energia deste lugar mágico.

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Hangaroa Eco Village, a Hospedagem Perfeita na Ilha de Páscoa
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Companhia de turismo Mahintur / Hangaroa Eco Village & Spa
Av Pont S/N
Región de Valparaíso
Isla de Pascua – Easter Island – Chile
+56 2 2957 0141
hangaroa.cl/excursiones/hotu-matua

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Fábio Jr. Alves

fabiojralves - Sou um apaixonado. Amo me envolver com novas culturas, novas pessoas e novos lugares. Amo registrar tudo, independente do formato, seja na fotografia ou em vídeos, seja em 360° ou com drones. Amo aventuras, boas refeições e um bate papo apaixonado sobre eventos globais. As fotos e textos que publicamos no Comer. Dormir. Viajar. já foram destaques em publicações como Isto É, Época, Revista National Geographic, Próxima Viagem, Minha Viagem, Revista Viagem e Turismo além de inúmeros portais na internet.

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21 Comentários

  1. A Ilha de Páscoa para um sonho!! Acompanhei suas fotos no instagram e amei cada detalhe. E por sinal, continuei babando nelas aqui no blog. Parabéns!
    Uma pena a passagem ser tão cara…

  2. Esta viagem parece ser incrível! Lindas paisagens e uma enigmática história por trás de tudo isto! Tenho muita vontade de conhecer a Ilha de Páscoa e toda esta cultura que ela carrega!!! Parabéns, as fotos de vocês são ótimas e o conteúdo do post também!

  3. Adorei o post! Muito legal você ter falado de toda a história por trás, é muito interessante. As fotos estão lindas, fiquei com vontade de conhecer a Ilha de Páscoa 🙂

  4. Esse post caiu como uma luva em nossos planos!
    Ontem conversávamos sobre as férias de outubro e mencionamos o desejo em conhecer a Ilha de Páscoa
    Parabéns pela riqueza de detalhes, nos ajudou bastante e tenho certeza que ajudará outros viajantes.
    Abraços.
    Makenna e Dyxklay.

  5. Que incrível esse tour! Eu tenho muita curiosidade com a Ilha de Páscoa, esse tour de Rano Raraku dá para satisfazer um pouco da curiosidade e de todo o mistério que envolve a ilha, parabéns pelo post!

  6. Adorei o seu blog e penso como você. Ainda não fiz as viagens que você fez, mas de pouquinho em pouquinho chego lá. E tenho uma vantagem maravilhosa: minha filha sempre viaja comigo e isso é muito bom!

  7. Gosto muito de viajar, mas percebo que necessito me aprimorar e as dicas que encontro no Comer. Dormir. Viajar. são muito úteis! Valeu, obrigada.

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