Le Bateau Ivre, um francês legítimo em Porto Alegre – RS – Brasil

Esqueça aquela imagem de restaurante francês ultra fino, com dez tipos de taças e vinte variedades de talheres, com porções que te deixam com fome e iluminação onde não vemos nem nossos amigos na mesa. O Le Bateau Ivre é um lugar para todos que apreciam a boa comida em um ambiente que tem a alma do chef Gérard Durand.

Quem é leitor frequente do Pessoas e Lugares sabe que eu adoro quebrar esteriótipos e sou averso a qualquer tipo de preconceito. Fico simplesmente doido quando falo sobre algum restaurante francês e amigos torcem o nariz, uns por acharem que é caro demais outros por pensarem que é muito elitizado. Amigos, o Le Bateau Ivre é para vocês.

O restaurante, cujo nome foi inspirado em um poema de Arthur Rimbaud que em uma tradução livre significa “O Barco Ébrio”, é um dos mais premiados da capital gaúcha, coleciona prêmios como Melhor Francês (Veja), Melhor Chef e Melhor Restaurante Francês (Revista Gula) e Melhor Restaurante da Região Sul (Guia 4 Rodas).

Logo que passamos pela recepção encontramos a cozinha aberta, todos trabalhando muito concentrados até que o proprietário, chef e restaurateur à moda antiga Gérard Durand, extremamente simpático, nos recebe com um largo sorriso e um “Boa Noite” carregado no sotaque francês.  A magia do lugar já começa por aqui.

 

O ambiente é muito acolhedor e sofisticado, ao mesmo tempo sóbrio e elegante sem ser esnobe, com pé direito alto e uma lareira no centro, tive a sensação de estar na sala de jantar do próprio Gérard Durand. A única pretensão do Le Bateau Ivre é apresentar aos clientes uma cozinha de excelência, feita com muito amor e um toque de arte.

Penduradas, algumas obras de artes e imagens de Paris , uma das paredes é com tijolos a mostra. Ao fundo, um bar com estilo mais moderno onde fica a adega e são preparados os drinks. O astral da casa nos remete à região da Provénce, não coincidentemente, terra natal do chef.

A cozinha exposta tem apenas um vidro à separando do salão de jantar, de onde se pode observar todo o preparo da comida.

O atendimento é impecável, desde a recepção pelo Cauê, filho de Gérard, que segue a tradição da família, até a finalização com o sommelier e garçons muito bem preparados.

Nosso atendente foi o Oscar, muito gentil, fez de tudo para que nos sentíssemos em casa.

No menu receitas tradicionais de influência mediterrânea, com algumas intervenções criativas e uma excelente carta de vinhos e espumantes.

A grande experiência do chef deixa o cardápio autêntico, sem grandes alterações por sabores brasileiros, coisa difícil, ainda mais para uma cidade como Porto Alegre longe de similaridades gastronômicas com a França.

Para entrada escolhemos um Foie Gras Chaud à la Sauce Figues Fraîches: Foie Gras Quente ao Molho de Figos Frescos – R$ 79,00 (01/2015) – Uma deliciosa surpresa, é totalmente diferente do Foie Gras frio, vale muito a pena experimentar.

Moules Gratinées ao Beurre D’Herbes et au Parmesan: Mexilhões Gratinados com Manteiga de Ervas e Parmesão – R$ 32,00 (01/2015) – Simplesmente a melhor forma de se preparar mexilhões. “De lamber os dedos”!

Pedimos também o mix de terrines: Panachê: Terrine de Gorgonzola et Goyaves: Terrine de gorgonzola e goiaba; Patê de Campagne: Clássica Terrine Francesa com Mix de Carnes Temperadas; Terrine D’Aubergines et Créme de Polvron Rouge: Terrine de Berinjela e Creme de Pimentão – R$ 65,00 (01/2015) – Só provando para você entender, para mim o gorgonzola com goiaba foi o melhor, mas os outros terrines estavam perfeitos.

As entradas estavam fantásticas, ainda mais acompanhadas de um maravilho Jean-Luc Colombo – Les Abeilles de Colombo Côtes Du Rhône 2013. Uma indicação perfeita do sommelier que, aliás, acertou as 2 dicas em cheio. Para acompanhar os pratos principais o vinho foi um Arrogant Frog – Cabernet Sauvignon / Merlot 2013. Na manhã após o jantar lá estava eu procurando estes vinhos para minha adega particular.

Como estávamos entre 4 pessoas, caprichamos nos pratos principais, escolhemos 2 pratos com Confit de Canard: Confit de Pato – à la Sauce Vin D’Épices et emulsion de Foi Gras: Ao molho de vinho tinto, especiarias e emulsão de Foie Gras – R$ 76,00 (01/2015) – O pato é cozido a fogo baixo durante 4 horas ou mais, deixando a carne soltinha e muito macia.

Para não ficar exagerado, o chef diminuiu de duas peças por prato para uma única peça. Este tipo de atendimento personalizado que faz do Le Bateau Ivre um dos melhores restaurantes do Brasil, o cliente é ouvido. Ponto pra nós, assim podemos experimentar uma variedade maior do cardápio.

À la Sauce Orange et Poivre Vert: Ao molho de laranja e pimenta verde – R$ 73,00 (01/2015) – A acidez da laranja contrasta em harmonia com a carne. Dos Deuses.

Poison Brie: Filé de Peixe com Queijo Brie Gratinado e Molho Cremoso de Vinho Branco – R$ 69,00 (01/2015) – Aqui o equilíbrio se faz presente, os sabores se integram fundindo o queijo e o peixe.

Poulpe à la Façon Provençale: Polvo à Moda Provençal – R$ 67,00 (01/2015) – O polvo no ponto certo, super macio. Assim é no Le Bateau Ivre, nada de polvo borrachudo!

Como acompanhamento veio arroz branco, penne e uns bolinhos de batatas deliciosos e aerados chamados de Pomme Dauphine que geralmente acompanham os frutos do mar.

Uma das mesas mais bonitas e deliciosas que já vi.

Como gosto da experiência completa, não posso sair do restaurante sem experimentar as sobremesas. Posso estar o mais satisfeito possível, chegam os doces meu apetite volta com tudo!

Profiteroles, Glace Vanille et Sauce Chocolat: Carolinas com Sorvete de Baunilha e calda de Chocolate – R$ 18,00 (01/2015) – Nada substitui o prazer de partir um profiterole feito a perfeição e ver aquele sorvete derreter lentamente.

Petit Gateau et Glace Vanille: Delicioso petit gateau com sorvete de baunilha – R$ 18,00 (01/2015) – Com esta apresentação não convencional e um sabor divino este petit gateau fez muito sucesso na nossa mesa.

Tarte aux Poires à la Crème D’Amandes: Torta de Pêras com Creme de Amendoas – R$ 16,00 (01/2015) – Confesso que torta de pera não é minha sobremesa favorita, mas nesta a pera estava com sabor bem equilibrado com o creme de amêndoas, foi a primeira torta de peras que gostei de experimentar.

E  não poderia faltar o famoso Crème Brûllée: Creme de Baunilha flambado à mesa. – R$ 15,00 (01/2015).

O Crème Brûllée aqui é levado muito a sério, e é unanimidade entre os clientes, quem prova diz que é o melhor. Para finalizar o maître adiciona um licor que faz toda a diferença: Mandarine Napoleon Liqueur. Tive que registrar o rótulo em meu celular!

A experiência no Le Bateau Ivre é ideal para se marcar uma data especial ou compartilhar momentos inesquecíveis com os amigos. Aqui a cozinha é mais do que a mistura de ingredientes. É a combinação de referências culturais e geográficas, com a finalidade de unir pessoas.

Para vocês terem uma ideia a nossa experiência gastronômica durou cerca de 3 horas.

O segredo do sucesso do Le Bateau Ivre é a paixão que todos tem têm pela culinária francesa e o comprometimento de cada colaborador. Fica nítido o amor deles pelo local de trabalho.

Lógico que não preciso dizer que é necessário reservar com antecedência.

E nada é mais delicioso do que, ao fim do jantar, bater um papo com o animado chef Gérard Durand, que vai de mesa em mesa para uma rápida conversa com cada cliente.

Os franceses têm uma palavra que define com maestria o que é o Le Bateau Ivre: Magnifique!

Uma inesquecível experiência para nosso álbum: Mãos Pelo Mundo.

Le Bateau Ivre
Rua Tito Lívio Zambecari, 805
Mont Serrat – Porto Alegre – RS
(51) 3330-7351