O festival gastronômico que acontece religiosamente todas as quartas e sábados no restaurante da Pousada Zé Maria já faz parte da cultura de Fernando de Noronha. Não é uma refeição, é uma atração turística. Deixar de participar deste evento é como não desfrutar da Baía do Sancho.
Como é de costume, reservamos nosso lugar no festival gastronômico da Pousada Zé Maria bem antes de partirmos para Fernando de Noronha, não fazê-lo com antecedência é pedir para ficar de fora desta experiência.
A área externa da pousada é linda. Para quem chega cedo ou pra quem fica até tarde a dica é conhecer as dependências, como a piscina e o redário, mais lindo ainda com o céu estrelado.
O ambiente interno do restaurante é agradável e descontraído, combinando perfeitamente com o clima de Noronha.
Obras de arte, móveis antigos e a bela coleção de Pratos da Boa Lembrança disputam a atenção dos clientes que lotam o lugar.
O Zé Maria é um dos precursores do turismo em Fernando de Noronha, as ações em prol do crescimento da ilha já trouxeram diversos prêmios, tanto para pousada como para o restaurante, e ao mesmo tempo este se tornou um dos lugares mais frequentados por artistas famosos.
O reflexo deste sucesso é que rapidamente as áreas internas e externas estão lotadas de turistas, não há espaço para cadeiras vazias no festival gastronômico.
O valor do Festival Gastronômico é de R$ 148,98 + 10% taxa de serviço fora as bebidas consumidas na noite. Para passar o tempo enquanto o buffet vai sendo posto recebemos a entrada à mesa, uma bruschetta de tomate seco e um caldo de peixe, ambos deliciosos. Este também é o momento ideal de pedir as bebidas.
A carta de vinhos é uma das melhores e mais equilibradas de Noronha, o preço segue a linha “Ilha Paradisíaca”, bem acima dos praticados no continente.
Depois que os pratos estão servidos em uma grande mesa Zé Maria Filho, mais conhecido como Tuca, assume o microfone e faz as honras da casa. Esta apresentação é geralmente trabalho de Zé Maria (pai), que no dia em que visitamos não estava presente.
Tuca convida todos os presentes a se aproximarem e apresenta cada prato em conjunto com os cozinheiros responsáveis. A simpatia e o carisma do pessoal é algo impressionante. Entre brincadeiras e histórias nos sentimos como parte da família.
Este ritual é repetido 2 vezes por semana, todas as quartas e sábados a partir das 20:00, sem falhas, e mesmo assim ficamos com a certeza de que aquela foi a primeira e última vez que este evento estava sendo realizado, tamanha a naturalidade e bom humor dos apresentadores.
As opções do extenso buffet com mais de 40 pratos diferentes tem a proposta de agradar a todos os paladares. O destaque são os frutos do mar e a famosa Paella Insular super bonita e colorida ornamentando o centro da mesa.
Muitos tipos de peixes, ceviche e até comida japonesa são servidos, tudo muito fresco e bem preparado. Carne de sol, picanha, saladas e massas são as opções para quem não gosta de pescados. Alguns pratos mais exóticos e releituras de clássicos nordestinos também se fazem presentes como os famosos arroz de jaca e a farofa de pão velho.
Depois de aproximadamente uma hora da apresentação do buffet de salgados a grande mesa fica repleta de sobremesas. A apresentação de todos os pratos segue o formato anterior, com muitas risadas e descontração total.
A variedade de doces é tão impressionante quanto a anterior: Bolos, tortas, mousses, pavês, sorvete, frutas e inclusive licores fazem a alegria dos comensais.
Durante todo o festival a trilha sonora é ao vivo. O repertório eclético é um convite para que os clientes possam dar uma canja ao microfone conferindo mais diversão ao evento. Muita gente canta e dança até altas horas, uma ótima maneira de queimar as calorias extras adquiridas com a comilança.
Algumas ressalvas sobre o evento: A mesa é dividida com outras pessoas, dependendo do seu perfil de viajante, do perfil dos outros na mesa ou da ocasião (uma comemoração romântica por exemplo) pode não ser tão agradável jantar com desconhecidos.
A casa lota totalmente durante os festivais, chega a ter mais de 150 pessoas em volta da mesa assistindo a apresentação dos pratos e depois este pessoal todo vai se servir sem uma ordem específica ou fila formada, o que para alguns pode ser bem desconfortável.
Como todo evento de grande procura, muitas pessoas amam e outras não ficam tão satisfeitas. Nós adoramos a festa e toda a tradição que o festival gastronômico representa, mas para que esta reportagem ficasse completa e você pudesse decidir sozinho sobre o que mais lhe agrada como turista sentimos a necessidade de voltar ao Restaurante Zé Maria para um almoço, desta forma pudemos avaliar melhor as duas possibilidades.
O clima durante o dia (ou em um jantar “normal”) é totalmente diferente do Festival Gastronômico, a começar pelo silêncio e a paz que o ambiente transmite e depois pelos detalhes na decoração que só são perceptíveis com o restaurante mais vazio.
O cardápio é bem interessante, além das variadas refeições alguns detalhes chamam a atenção. A primeira coisa é que sempre tem um nome próprio compondo o título de cada prato, geralmente uma homenagem a alguma celebridade como a Feijoada de Frutos do Mar da Família Pedro Bial ou então a um chef famoso como o Baião de 8 da Morena Leite. Alguns ainda fazem alusão a pessoas que não consegui identificar, como o Pirão de Peixe da Joaninha.
Outra coisa é que todos os preços terminam com o número “8”. Na primeira página do menu tem uma explicação do próprio Zé Maria, onde fala de sua espiritualidade e de que acredita que este é o número exato.
Um grande diferencial da pousada e do restaurante é o Wifi grátis por 30 minutos com a melhor qualidade de sinal que conseguimos Em Noronha.
Agora, o que me impressionou de verdade foi poder fazer nossa refeição em uma arejada varanda ao lado da lindíssima plantação de verdes alfaces hidropônicas.
Depois de muita indecisão sobre o que pedir optamos pela entrada Chips de Batata Doce do Leo. – R$ 14,98 (06/2015) –
E também a Lula em Anéis da Mariana Branco com shoyu e ervas finas. – R$ 44,98 (06/2015) – Ambas entradas deliciosas.
Um dos pratos principais escolhidos foi o Filé de Lagosta do Auricélio Romão: Lagosta no creme de macaxeira servida com arroz de alho e farofa de manga. – R$ 99,98 (06/2015) – Esta obra de arte é uma herança dos tempos que o chef Auricélio Romão liderava a cozinha do Zé Maria.
Também não poderíamos voltar ao continente sem o Prato da Boa Lembrança mais raro do Brasil.
O Restaurante Zé Maria é o único da ilha a fazer parte da Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança e o prato de 2015 é o Km 0 2014 Ricardo Delgado: Filé de peixe da ilha, cubos de jerimum (moranga), chips de macaxeira, chutney de pimenta, crisp de rúcula e purê de banana. – R$ 99,98 (06/2015) –
A louça ficou linda em nossa sala:
Mesmo com o restaurante cheio o atendimento do garçom Olival foi praticamente exclusivo, a alegria e paixão pelo que faz deixa todos clientes encantados, este cara é 10.
Com toda a comilança ainda conseguimos dividir uma ótima sobremesa. A dica é aproveitar o redário depois da refeição e ficar curtindo a deliciosa brisa de Noronha.
O Restaurante da Pousada Zé Maria fica aberto no café da manhã, almoço e jantar para qualquer visitante da ilha. Depois desta matéria você já poderá decidir se quer participar do cultuado Festival Gastronômico, de um calmo almoço , jantar ou então, como nós fizemos, ter o melhor dos dois mundos com uma das mais belas vistas do Morro do Pico em Fernando de Noronha.
Restaurante da Pousada Zé Maria
Rua Nice Cordeiro
Floresta Velha
Fernando de Noronha – PE – Brasil
(81) 3619 1258 / 3619 1819
pousadazemaria.com.br
Mais uma orgia gastronômica em nosso álbum Mãos Pelo Mundo.
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